Namastreta

Dia do Silêncio: veja a opinião de praticantes de diversas linhas do autoconhecimento sobre essa prática

Por Caroline Apple

O dia 7 de maio é uma das datas em que se comemora o Dia do Silêncio. Em meio a pandemia e ao isolamento social, há registros do aumento de pessoas interessadas em práticas de silenciamento, como a meditação.

De acordo com dados do Google Trends, que monitora as tendências mais procuradas no Google, a busca por assuntos como “meditação” bateu o recorde de interesse dos últimos cinco anos no Brasil.

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Mas o que é o silêncio e qual a sua importância? No dia de hoje também é comemorada a Lua de Buda, que marca a morte e a iluminação de Gauthama Sidarta, o primeiro buda. E uma das suas mais nobres lições foi o silenciar. Portanto, uma data auspiciosa e cheia de energia para ser aproveitada.

O Namastreta pediu para que praticantes de diversas linhas do autoconhecimento e da espiritualidade dessem sua opinião sobre a importância do silêncio.

Veja as respostas:

Renato Sarreto (facilitador de vivências com medicinas da floresta)

“O silêncio para mim é como comer, dormir. Para mim é necessário. De vez enquanto eu preciso estar em silêncio total para poder interagir com mais força, com sentimentos. Quanto mais silêncio, a gente consegue se aprofundar mais. É primordial o silêncio. É um hábito como outro diário. Gosto de estar no silêncio e melhor ainda se estiver na natureza, porque é um silêncio que nos revela muito. Mas a questão também é fazer um silêncio interno. Precisamos abafar nosso frenezi mental para podermos fazer outros acessos, através das meditações. Nossa sociedade é muito barulhenta, que te leva a nível de estresse. Silêncio é vital para o ser humano.”

Magda trabalha com tarô terapêutico

Magda Chiossi (Taróloga)

“O silêncio é uma dádiva e um desafio. O silêncio permite que observemos, deixando que os demais sentidos entrem em ação e que nos conectemos silenciosamente. E que conexão incrível é essa! No entanto, a cabeça começa a imaginar o que o outro está pensando e o receio de expormos nossa vulnerabilidade faz com que enchamos o silêncio com palavras, nem sempre com sentido. Temos dificuldades de conviver com o silêncio. Durante a meditação, a cabeça resiste a silenciar, mas quando o silêncio toma seu lugar, nos abrimos para outra possibilidade, outra perspectiva e encontramos outro lugar, um lugar de paz, de outros aprendizados e de muita sabedoria.”

Marina Neumann (Instrutora de Mindfulness)

“O silêncio é indispensável para regenerar o cérebro. Cada vez é mais difícil encontrar o silêncio. Isso faz com que muitas pessoas, na ausência de ruído, experimentem um abismo dentro de si. Nosso ouvido está hiperestimulado e a maioria dos sons que recebemos são alarmantes: barulho de carros, buzinas, obras, músicas estridentes, algazarras, nada que inspire tranquilidade ou nos conecte com nossa natureza. Além de desequilibrar nosso estado emocional, isso afeta também o cérebro. O silêncio, em geral, leva-nos a pensar em nós mesmos e isso depura as emoções e reafirma a identidade e nos torna mais inteligentes, criativos e seguros.”

Mapu Huni Kuin (líder espiritual indígena)

“O silêncio tem uma grande importância. O silêncio é uma grande oportunidade de começar a fazer a diferença de dentro de nós. Se a gente queria parar para refazer algo dentro de nós, esse é o momento. O silêncio faz também a gente acessar a alegria que há muito tempo está adormecida dentro de nós. O silêncio faz a gente acessar o amor que está adormecido dentro de nós. Esse silêncio é nossa chance de nos conectarmos com a nossa ancestralidade. É um momento da gente compreender e entender a diversidade do planeta e, principalmente, a presença do Grande Espírito dentro de nós. O silêncio da Terra é um pedido de calma para todos nós. O silêncio faz a gente ouvir e entender o que pachamama [mãe terra] está nos dizendo. Muitos não ouvem, mas é nesse silêncio que vem essa voz tão profunda de socorro. O silêncio vem da simplicidade e da humildade. Haux haux [que venha a cura, em hãtxa kuin, língua dos índios Huni Kuin].”

Fernanda Tun’a (ocultista)

“Essa nova fase ela está deixando a gente mais conectado às mudanças que vem sendo solicitadas através de diversos sinais. O avatar Buda, o silenciar, ele vem mostrar através desse caminho que ele experenciou que você escuta no seu silêncio gritos imensos. E isso faz com que você tenha a oportunidade de deixar de somente escutar e passar a ouvir o seu silêncio. Usar esse dia [Lua cheia de Wesak, diailuminação e morte de Sidharta Gautama, o primeiro Buda] como um passo de poder. Os portais são excelentes como instrumentos para receber um vetor para se dar a oportunidade de dar o primeiro passo em relação a algo que você está preso. Silenciar e observar. Observar a ti mesmo é o que importa.”

Ricardo Henrique (Professor de Yoga)

“Buscando viver o Yoga como estilo de vida, eu gosto sempre lembrar os alunos algo que ouvi de um professor que disse: ‘Todos nós já somos meditadores. Porque passamos meses na barriga de nossa mãe em silêncio em plena conexão”. Neste lugar estávamos em paz. Quando nascemos temos que lidar com o barulho, que é muito grande na sociedade atual. Isso porque não sabemos lidar com a solitude, a solidão. Recorremos às distrações por falta de prática do silenciar. Não há encorajamento ao silêncio. É importante se abrir para aceitar que o silêncio é parte da nossa natureza, mas que é um desafio que precisamos enfrentar e superar a solidão e a transformando em solitude por meio da instrospecção para lembrar que somos paz e alegria.”

Leonardo é monge zen

Leonardo Kendo (Monge Zen-budista)

“O silêncio no Budismo é algo muito importante, pois nos permite observar nossa mente. Mas mais importante do que aprender a fechar a boca é a gente aprender a silenciar a própria mente.”