Namastreta

Foi no silêncio que me perdi; ainda bem

Por Caroline Apple*

Hoje é o Dia do Silêncio. O nobre silêncio é responsável por todos os dias eu me perder. E isso é ótimo! Em 33 anos dormindo profundamente eu percebo que minhas certezas sobre mim colaboraram para que a cada dia eu me sentisse mais enclausurada. O silêncio me libertou da obrigação de estar “achada”.

O silêncio me ensinou que o que importa é o caminho e não onde chegar. E que neste caminho eu posso ser tudo que eu quiser, mas, para isso, eu preciso ser nada. Eu preciso estar longe das certezas e próxima das perguntas certas e não das sentenças.

Quando determino que sou x, y ou z eu excluo todas as restantes possibilidades de ser. Eu não quero isso. Eu quero ser livre. Eu já sou refém de muitas coisas construídas em meu subconsciente que não me canso de iluminar. Farei isso até o último dia em que eu caminhar por esta terra.

O silêncio é o vazio que precisamos desenvolver entre nossas ações. Nele que está contido a equanimidade que colabora para que sejamos mais apreciadores da vida do que aproveitadores dela. É do silêncio que surgem as ações mais ponderadas que nos ajudam a caminhar por aqui com mais plenitude.

A natureza é a prova disso. Existe um silêncio ensurdecedor que antecede grandes ações da natureza. Dizem que até mesmo um vulcão silencia antes de entrar em erupção. E, para variar, se inspirar nos processos da natureza é recuperar a nossa natureza soterrada pelo concreto.

Permita-se se perder. É quando estamos perdidos que estamos mais pertos de nós mesmos. Porém, a ideia é não fechar um conceito sobre quem somos, e sim aproveitar cada momento como estamos e honrá-los.

*Tem muita coisa acontecendo no mundo e muitas delas passam desapercebidas por quem vive totalmente a ruptura causada pela existência dual. Estar atenta a esses acontecimentos não é ter poderes sobrenaturais, e sim uma antena potente que capta tudo ao mesmo tempo. Presente, passado e futuro se fundem no presente permanente. Carol nasceu com essa anteninha sensível, sensibilidade essa que aumentou profundamente após mergulhar de cabeça no caminho da espiritualidade e do autorreconhecimento. Jornalista, publicitária, instrutora de meditação e mais um universo de possibilidades, Carol vai dividir suas percepções na coluna ÉterSiga no Instagram.