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“A constelação familiar me ajudou a abrir mão dos meus filhos por amor”

Por Caroline Apple

A autônoma Thauana Cecília Silvestre Costa Gonçalves, de 32 anos, passou por uma separação difícil. Infeliz no casamento, decidiu sair de uma relação de xx anos, com dois filhos, e enfrentar sozinha e sem grana as dificuldades de ser mãe solo, com o agravante de ter deixado o provedor da casa para trás.

Com problemas de convivência com a mãe, decidiu, por intermédio do seu advogado, que aplica a constelação familiar, constelar essa relação. O que ela não esperava é que o resultado fosse a desconstrução de padrões familiares antigos e a descoberta de uma Thauana extremamente julgadora.  

Com a expansão de consciência que se deu por meio da Constelação Familiar, a autônoma rompeu com o medo de ser julgada e abriu mão da convivência com os filhos para que eles pudessem ter uma vida melhor.

Confira esta história

“Tenho dois filhos, uma menina de 13 anos e um menino de nove anos. Me separei em janeiro 2013, mas entrei com o processo de pensão em setembro daquele ano. Porém, o processo se arrastou, porque foram necessárias três quebras de sigilo bancário, o que fez com que o caso só fosse concluído em fevereiro de 2019. Quando eu me separei, meu ex-marido parou de me ajudar. Eu que quis me separar. Então, ele cortou tudo.

Nós morávamos de aluguel, que ele parou de pagar quando saiu de casa. Então, como ele era o provedor da família, fiquei sem condições de pagar o aluguel, que era caro. E não foi só o aluguel que ele parou de pagar. Ele parou de pagar a conta de água e luz e também parou de comprar comida. Foi muito doloroso o processo.

Por necessidade, fui morar na casa dos meus avós. Eu passei a ‘morar’ no chão da sala da casa deles, onde eu esticava dois colchões e dormia com meus filhos. Sempre passamos bastante dificuldade, mesmo quando eu estava trabalhando. A maternidade ficou muito difícil para mim depois da separação.

Em 2015, passei a estudar física quântica e espiritualidade e comecei a entrar nesse universo. Nunca consegui aceitar muito bem o catolicismo, que era predominante na minha família. Frequentei tudo quanto foi lugar antes de chegar nessa parte mais espiritual, que não envolvia religião.

Foi no ano que comecei a me espiritualizar e me mudei para outra casa com meus filhos que a dificuldade financeira aumentou. Diante dessa situação, sempre tinha uma amiga minha que me questionava o motivo de eu não deixar as crianças com o pai, uma vez que ele tem condições financeiras para sustentar muito bem os dois. Ela dizia que isso seria melhor para mim e para eles.

Eu nem cogitava essa possibilidade, tinha muito medo do que iam dizer, e seguia enfrentando os desafios. Toda vez que eu tinha que trabalhar ou procurar emprego, eu tinha que implorar para alguém ficar com eles ou pagar para alguém. Quando eu trabalhava eu dava jeito de pagar, mas para fazer uma entrevista era um caos. Mas o apego não me deixava pensar na possibilidade de deixar meus filhos irem morar com o pai.

Em 2017, quando saiu meu processo de partilha de bens, eu conheci o advogado Claudio Jeremias Paes, especialista em direito sistêmico, que pouco tempo depois me apresentou a Constelação Familiar. Então decidi ir constelar a minha mãe. Eu tinha muito problema com ela, muita revolta. Julgava e criticava muito. Não tinha uma boa relação, inclusive, a gente não se falava. Então fiz a constelação. Sai de lá meio confusa. Sem entender o que estava acontecendo.

Com o passar dos dias, eu fui tendo uma expansão de consciência que me fez olhar minha mãe com mais ternura, compaixão e amor. Fui começando a abandonar o julgamento e a perceber que ela repetia o comportamento da minha avó, da minha bisavó. Hoje, graças à constelação, mesmo que às vezes venham memórias ruins, eu não entro no julgamento.

Logo que fiz a constelação, fomos voltando a se falar naturalmente. Mas não foi porque constelei e fui lá forçar a conversa. Foi aberto um campo e diversas situações fizeram com que a gente voltasse a se falar.

Nesse meio tempo me vi novamente desempregada e comecei a cogitar pela primeira vez a possibilidade de deixar meus filhos com o pai. Conforme fui parando de julgar minha mãe, eu fui parando também de me julgar e de me cobrar. Fui desapegando da ideia de que a maternidade tinha que ser sacrificante, um fardo.

Por conta do meu egoísmo e do meu apego, estava fazendo meus filhos passarem por necessidades financeiras sem necessidade, uma vez que o pai deles sempre teve boas condições financeiras, além de ser um paizão.

Fui conversando com meus filhos para saber o que eles achavam de morar com o pai e para eu ir mastigando a ideia também. Então, em dezembro de 2018, eles foram morar com pai.

Eu atribuo à constelação familiar esse processo de desapego e de amor, porque eu acho que abrir mão ou soltar alguém para ter uma condição melhor é um ato de amor incondicional. A experiência, por fim, está sendo superlegal para todos.

Estou conseguindo pensar melhor, correr atrás das minhas coisas. Eu fui mãe muito jovem. Eu tinha 19 anos. Então, hoje tenho uma vida de solteira e liberdade que nunca tive, por conta da demanda da vida de casada e das crianças.

Foi um processo de desapego. Eu abaixei meu dedo e parei de julgar. Então, em 2019, fui com meu advogado fazer um acordo com meu ex-marido. Ele, hoje, paga parcelada a partilha de bens e não quis receber a pensão alimentícia da minha parte. Eu tenho acesso total aos meus filhos. De semana eles estão na escola e moram longe, mas ficamos juntos aos fins de semana.

A constelação abriu um leque de novas possibilidades, principalmente em relação a minha mãe. Tudo que eu estava fazendo como mãe era uma reprodução das mulheres da minha casa. Demorei para fazer o que considerava certo porque eu tinha muito medo do julgamento das pessoas, mas tudo isso porque, no fundo, eu era a maior julgadora. No final das contas, não foi metade do que eu imaginava. Meu medo foi pior do que a situação em si.

Sinto saudade da convivência, mas se eu disser que está ruim é mentira. É um processo libertador. Nossa guarda é compartilhada, não definitiva. Depois que eles foram morar com o pai, eu ganhei o processo de pensão alimentícia. Eu poderia pegar meus filhos de com o dinheiro da pensão.

Porém, eu cheguei a perguntar se eles queriam voltar, mas lá eles têm um monte de atividades que eu não teria condições de promover. Meu ex-marido se casou novamente e tem trigêmeos, pelos quais meus filhos são apaixonados. O convívio com os irmãos é ótimo. Eu sou muito grata madrasta deles por tratar meus filhos tão bem. Estamos todos felizes com as decisões que tomamos, mesmo que não sejam as mais convencionais e esperadas pela sociedade.”

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1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns Thauana pela atitude. Passei por isso tbm, mas nunca me preocupei com o que o povo pensasse sobre minha pessoa. Desejo a vc e seus filhos tudo de melhor. Vc é guerreira e será muito mais Feliz fazendo seus filhos Felizes…
    😘😘

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