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Eduardo Marinho: Espiritualidade em evolução

Por Eduardo Marinho, Observar e Absorver

A espiritualidade não precisa de religião. Ela é exercida na vida prática, nos relacionamentos, na conduta, na forma de se relacionar com o mundo, com as pessoas, com as coisas e com os acontecimentos. Na agressividade ou na serenidade, na cobrança e na acusação ou na compreensão e no acolhimento, na generosidade ou no egoísmo, na humildade ou na arrogância. Nos sentimentos que se produz em si mesmo e nos que se causa nas pessoas em volta. Há espiritualidade em todas as religiões – e fora delas. Em todos os níveis. Não depende da religião, mas da alma de cada um. Não importa no que se acredita, não importa se não se acredita em nada. É no comportamento que se revela o que se é, não na crença.

A escolha de como tratar com a espiritualidade é direito de qualquer um, a ser respeitado coletiva e individualmente. Um desenvolvimento social e individual ainda muito pouco alcançado, pelo que se vê no mundo, religiões primitivas, ignorantes e arrogantes, demonizando e atacando outras formas de espiritualidade, sejam quais forem, desde que diferentes da sua. Ainda não se alcançou o estágio de humildade pra reconhecer a própria pequeneza e a incapacidade de compreender dimensões inalcançáveis pela razão humana. Embora se possa perceber o desenvolvimento ao longo do tempo, de anos a milênios. Do individual ao coletivo.

Há quem não perceba, há quem negue e é direito de qualquer um negar. É a contraposição aos que definem o indefinível, explicam o inexplicável, concebem o inconcebível e impõem sob ameaça – ou se acredita, ou se está condenado ao sofrimento eterno do inferno. A arrogância de estar em contato direto com o “supremo ser do universo”, um universo que nem conhecemos ainda, acaba criando um deus de características humanas, vaidoso e vingativo, com exigências tenebrosas e ameaçadoras, promessas de felicidade e prazeres – ou sofrimentos torturantes – ”por toda a eternidade”. Pobre ser humano inconsciente ainda do seu próprio desenvolvimento espiritual, empurrado à frente pela força dos acontecimentos, levado pela mutação permanente que é uma das leis que se podem perceber claramente – mas que, em geral, não se leva em conta. Ainda.

Vai se percebendo, muito pouco a pouco, que a espiritualidade verdadeira está na solidariedade prática, no sentimento de família humana, de pertencimento à natureza, no comportamento afetivo, generoso, igualitário e respeitoso. Que as necessidades materiais são muito menores que as necessidades espirituais, que o corpo abstrato – sentimento, pensamento, caráter, desejos, objetivos de vida, visão de mundo – é muito mais importante e duradouro que o corpo físico. Que a verdadeira satisfação pessoal está diretamente ligada à satisfação coletiva. Vai se descobrindo, no íntimo de cada um, e se percebendo, pelos exemplos que aumentam no convívio social, sem barulho, sem chamar a atenção – a não ser dos atentos, exceções às regras. Ainda.

Nota: Este texto foi publicado no blog Observar e Absorver, do ‘penseiro’ Eduardo Marinho. Gratidão, Eduardo, por colocar no mundo suas reflexões e deixá-las livre para serem reproduzidas.

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