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“Não dá para preencher espaço, é preciso produzir sentido”, diz editora da Vida Simples

Por Caroline Apple

Escrever de forma profunda sobre as coisas básicas da vida. Usar palavras e construções que marquem a vida do leitor ou da leitora e o texto deixe de ser algo efêmero e superficial, independente do tema.

Cativar as pessoas pela escrita a ponto de elas terem a nítida sensação de que aquilo foi escrito de forma personalizada, tocando a fundo seus corações e as ajudando no processo de absorção da mensagem quase que como uma lição para a vida. Esse processo existe e tem nome e sobrenome: escrita afetuosa.

Sua maior entusiasta e propagadora é a jornalista Ana Holanda, editora-chefe há oito anos da revista Vida Simples, da Editora Abril, que aborda temas que promovem o bem-estar e a saúde, principalmente emocional. Quem teve a oportunidade de ler o periódico sabe o quanto a leitura é sóbria, porém terna e cativante.

Em entrevista ao Namastreta, Ana Holanda conta que a escrita afetuosa surgiu da sua curiosidade de entender quais elementos um texto poderia trazer para que fosse lembrado pelo outro. “Em um tempo de tantos conteúdos superficiais, que são esquecidos quase que instantaneamente, conseguir produzir conteúdo que gere conexão e encontro é algo extremamente rico, poderoso e forte”, explica.

A intenção da jornalista é clara quando ela coloca em prática sua “técnica”. Ana quer afetar, marcar e conversar verdadeiramente com o outro. Mas como chegar num lugar de intimidade com o leitor ou leitora para que ele ou ela se sinta realmente impactado ou impactada? Simples. Ana garante que o autoconhecimento é uma das chaves.

“Sempre digo que a gente não consegue encontrar o outro sem antes encontrar com a gente mesmo. Um texto vai te alegrar antes de alegrar o outro. Vai doer em você antes de doer no outro. Esse mergulho interno é necessário sempre e antes de um texto nascer. Caso contrário, ele cai na superficialidade”, revela a editora da Vida Simples.

Repassando o conhecimento

O caminho de Ana pela escrita afetuosa chamou a atenção de seu editor da Rocco, editora pela qual havia lançado o livro “Minha Mãe Fazia”. Então, o curso sobre escrita afetuosa ganhou as prateleiras das livrarias.

“O que faço é isso. Eu ensino para as pessoas quais são esses elementos, como é possível construir textos de encontro, de conexão. É uma escrita que trabalha com elementos mais cotidianos, que tenta encontrar o profundo das coisas nos acontecimentos mais banais”, diz.

Ao contrário dos textos menos empáticos e mais técnicos e enrijecidos ensinados nas faculdades de jornalismo tradicionais, Ana convida o autor a ser mais presente, aquele que conta as histórias. É um texto, segundo a editora, em que, basicamente, existe a vida, mas a vida de fato e não a teorizada. “As pessoas têm muito medo das narrativas em primeira pessoa. Medo de se expor, medo da vulnerabilidade que isso suscita.”

O recado de Ana como comunicadora está registrado em seu livro e em seus cursos a partir do momento que percebeu que seus textos ganharam mais profundidade a partir da escrita afetuosa. “Não dá para escrever apenas para preencher espaço, é preciso produzir sentido – para si e para o outro”, finaliza.

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