Início Editorias Autoconhecimento Fotógrafa 'revela' segredo da felicidade no Butão: "A interdependência permeia tudo"

Fotógrafa ‘revela’ segredo da felicidade no Butão: “A interdependência permeia tudo”

Ancorado no Himalaia, o Butão é um país budista que guarda entre seus moradores o “segredo” da felicidade. Sua fama de lugar mais feliz do mundo se deve a uma decisão tomada em 1972 pelo rei Jigme Khesar Wangchuck, que declarou que a felicidade da população era mais importante do que as riquezas medidas tradicionalmente pelo PIB (Produto Interno Bruto) dos países. Assim, surge o primeiro país a medir a felicidade da população através do índice FIB (Felicidade Interna Bruta). 

A fotógrafa e jornalista Mariana Pinto esteve no Butão numa viagem por autoconhecimento. Budista, admirou uma foto de um monastério na encosta de uma montanha por anos até descobrir que era o Tiger Nest, um templo butânes. “Fui saber [onde era o monastério] quando já tinha comprado a passagem”, conta Mariana.

O incentivo da nada fácil viagem (chegar no Butão exige paciência, dinheiro e coragem por conta de seu nada tradicional aeroporto) foi os ensinamentos Dilgo Khyentse Rimpoche. “Eu me encantei por quem havia sido essa pessoa, pelos seus ensinamentos, pela maneira que ele transmitia toda sua sabedoria, pela história de sua vida.”

Mariana sentia que era a hora de sair da filosofia e entrar de cabeça na prática do Budismo. A fotógrafa conta que começou a ler sobre o budismo após um amigo ter sido ordenado monge. “Um dia me caiu a ficha: não havia muita serventia apenas ler a filosofia, precisava praticar, encontrar um professor etc. E foi assim que eu comecei. Na época, há uns 10 anos, eu já sabia que era a oportunidade mais preciosa de minha vida. Hoje eu sigo um treinamento diário elaborado por Chökyi Nyima Rinpoche, um grande professor que vive no Nepal”, recorda.

No Butão, Mariana estranhou a companhia integral de um guia, mas notou o quanto o país é organizado e o quanto seus moradores parecem realmente gostar do rei e da rainha. “Há fotos do casal em todos os lugares.”

E o tal segredo da felicidade começou a se apresentar. A fotógrafa logo notou a consciência de interdependência entre os butaneses. “Eles sabem que dependem da natureza, então a preservam, só plantam orgânicos. O país tem rios limpos e muitas áreas verdes. Então essa noção de interdependência permeia tudo. Eles têm a consciência de que a minha felicidade depende da sua e vice e versa. É essa ideia que acredito ser a noção de felicidade dali”, conta.

E para ilustrar esse conceito de interdependência, Mariana conta que é comum dar de cara com um desenho clássico em vários lugares. A imagem retrata um elefante e em cima dele um macaco e em cima do macaco uma tartaruga, que pega uma maça numa árvore, façanha que o elefante não conseguiria sozinho. “Essa ideia de cooperação que prevalece. De que somos uma rede que permeia tudo. Ninguém vive de maneira independente, tudo está interligado. Quando vc entende isso, aí vc começa a ver que a taxa que você paga por dia lá tem sentido, porque eles estão preservando o que é deles. Eles não querem lotar o país de turista e acabar com a natureza, por exemplo”, explica.

O momento mais marcante de Mariana no país foi o momento em que teve a chance de conhecer onde o Rimpoche viveu. “Ver o quarto onde ele morava, onde ele fazia suas práticas. Eu fui para lá para isso e isso foi mais importante para mim. A arquitetura de lá é linda, muito detalhe em madeira, é bem bonito. Eles têm um festival bem peculiar também onde há muitos falos de madeira, usados para chamar prosperidade”, relembra.

Mariana largou os rótulos após atuar como repórter policial a maior parte da sua vida profissional. Hoje, vive com seu marido em uma área de 20 alqueires a 1.700 metros de altitude na Serra da Mantiqueira. Seria uma forma de matar a saudade do Himalaia diariamente numa versão reduzida? Tanto faz. O importante é que Mariana descobriu um novo caminho para trilhar nessa existência.

Veja algumas fotos dessa viagem rumo ao autoconhecimento.

Foto: Mariana Pinto
Foto: Mariana Pinto
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