Início Editorias Autoconhecimento Após tentativa de assassinato, jovem faz da estrada sua ferramenta de autoconhecimento

Após tentativa de assassinato, jovem faz da estrada sua ferramenta de autoconhecimento

Por Caroline Apple

A história do paulistano Igor Ivanowsky, de 31 anos, e como ele se tornou um viajante poderia soar cliché se entrássemos no batido conceito de “largou tudo para viajar pelo mundo”. Porém, para chegar até a decisão de mudar completamente de vida e fazer da estrada seu processo de autoconhecimento, Igor passou por reviravoltas que incluem o reencontro com um primo hippie “louco da BR” e uma tentativa de homicídio que o colocou de frente com a fragilidade da vida.

Igor nasceu numa família simples que vivia no bairro de Jardim Ernestina (zona sul da capital paulista). Entretanto, seu perfil obstinado e um tanto nerd o levou a cursar algumas faculdades nas áreas de tecnologia e marketing, mas que nunca foram concluídas. Aos 18 anos, o jovem universitário arrumou um estágio em uma empresa conceituada de engenharia. Naquele momento, Igor não tinha dúvida de que aquela era a oportunidade de sua vida, por isso, se jogou de cabeça no trabalho, inclusive aos fins de semana sem ao menos a solicitação dos chefes.

Em pouco tempo, Igor foi promovido e se tornou um jovem executivo. Logo uma empresa concorrente entrou em contato e fez uma proposta irrecusável. Assim, o jovem nerd de família simples passou a viajar para os EUA a trabalho e chegou a dar palestras em Las Vegas. Nem ele entendia muito bem toda aquela ascensão, mas o dinheiro estava no bolso e ele considerava que estava, digamos, com a vida feita antes dos 25 anos.

Despertar

Parada para a meditação

Entretanto, um reecontro com um primo com uma pegada hippie de estrada que Igor não via há 10 anos despertou uma empatia e um reconhecimento que estavam bem além dos estilos de vida extremamente diferentes que levavam.

No embalo do primo cheio de liberdade, Igor aceitou o convite para ir de carro até a Bahia. E foi na estrada que o jovem executivo começou a perceber que gente com menos grana do que ele sorria muito mais.

Foi nesta viagem que a chave começou a virar e Igor começou a despertar para a realidade de que vivia uma vida que muita gente sonhava, mas que não atendia as suas aspirações mais íntimas. E os questionamentos sobre a vida foram inevitáveis. Porém, o que ele não poderia imaginar é que a maior transformação pela qual passaria seria pelo medo da morte.

Uma facada, mas na alma

Decisão partiu de uma experiência traumática

Em uma das viagens com seu primo, no Vale da Utopia, em Santa Catarina, Igor decidiu ficar nu em uma das piscinas naturais. O local não é oficializado como naturista, mas muitos turistas aproveitam o clima de liberdade que o Vale proporciona para curtir o local como vieram ao mundo.

Foi durante um momento de relaxamento completo que Igor viu sua vida em risco. Um homem com um facão o acusava de ficar nu em frente sua companheira. Uma perseguição começou. De um lado, um homem com uma arma branca disposto a ferir alguém em nome da “honra” de sua namorada e do outro um jovem de 25 anos pelado correndo desesperadamente pela sua vida.

E Igor correu, correu, correu e correu. O homem já não aparecia mais no seu campo de visão, mas o cérebro de Igor estava no comando e ordenava o corpo que corresse. Um alarme soou em seu organismo e Igor caiu e não conseguia mais se levantar direito, mas sua mente, em total estado de alerta, o mandava correr. Foi então que rolou morro abaixo e foi parar numa praia vizinha. Um casal o socorreu e emprestou uma bermuda a ele.

Ufa! Enfim, a salvo. O medo deu lugar a ironia. Igor contava freneticamente para as amigas que encontrou na praia o que lhe havia acontecido. A adrenalina corria em seu corpo. Até risadas foram dadas. Porém, quando o hormônio responsável por grandes feitos começou a baixar, Igor caiu no choro como nunca havia chorado na vida. Um vazio o arrebatou. Um estado de depressão profundo tomou conta de Igor naquele momento. Então, diante do risco de morte, a grande ficha caiu: Igor percebeu que não era feliz. Mas e aí? O que fazer com essa informação?

O jovem então se perguntou: “Qual a coisa mais incrível que um ser humano é capaz de fazer?”

A resposta que chegou até ele foi: viajar o mundo.

Nasce um viajante

Igor e Charlotte em um dos seus diversos casamentos pelo mundo

De certa forma, um Igor morreu ali e nasceu um Igor sedento por percorrer outras estradas da vida. Voltando a São Paulo, o jovem conversou com seu chefe e passou a planejar sua saída da empresa. Em poucos meses conseguiu sua demissão. Diante da liberdade que se apresentava, agora era a hora de colocar em prática sua resolução. Igor comprou uma passagem só de ida para Indonésia. Mesmo ciente dos seus privilégios, o desapego começou a se apresentar como um estudo fino. Nada de luxos ou mala cheia. A meta era conhecer pessoas.

E, depois de dois anos rodando por aí, foi “perdido” no Laos, país do sudeste asiático, que conheceu outra viajante, a francesa Charlotte. Um amor que começou num hostel e se estende até hoje com direito a vários casamentos excêntricos em diversos países.

Ao lado da companheira, as viagens ficaram ainda mais animadas e interessantes. Mas, mesmo podendo viver viajando sem se preocupar com muitas coisas e reconhecendo seus privilégios por isso, Igor sentia que tinha um propósito a cumprir: colaborar com a realização do sonho de outras pessoas em cair no mundo.

Lembra? Ele era nerd. E sua ‘nerdice’ o levou a criar um software capaz de traçar um roteiro de viagem de um ano para qualquer pessoas que tenha uma renda fixa por mês, seja ela qual for. Igor garante que se vive com menos dinheiro na estrada do que o necessário para ter uma vida razoável numa cidade como São Paulo. Seus clientes atestam a eficácia. Pessoas que jamais pensaram que seriam capazes de viajar, agora seguem pelo globo em aventuras cheias de novidades e autoconhecimento.

Diante da pandemia, Igor e Chalotte estão na França, mas isso não impede que Igor siga colaborando com os viajantes em potencial. Há pessoas em casa que segue trabalhando. Sem ter onde gastar, o convite é poupar dentro da realidade. Uma ótima opção. Melhor do que se acabar fazendo compras pela Internet de itens supérfulos e que não têm a capacidade de preencher vazios existenciais.

E é uma promessa mesmo. Igor garante que qualquer pessoa com um emprego fixo consegue viajar em 12 meses, não importa o quanto ganhe. Essa é a dica para quem tem esse privilégio nesse momento desafiador e auspicioso da humanidade.

Se joga! Quem sabe não é você caindo na estrada depois que tudo isso passar.

Vai lá no Instagram do Igor e acompanhe.

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